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Por que mudar?

Se me perguntar por que resolvi mudar a alimentação e criar uma disciplina que já me fez perder 18kg, eu vou te responder os clichês: porque eu não estava contente com meu corpo, porque eu ainda quero ter filhos e fiquei pensando se teria saúde para criá-los, porque eu já estava no manequim 46 de calça jeans e me negava a comprar mais de uma peça neste número, porque eu tinha de segurar o meu joelho para cruzar a perna e nem sabia que isso era resultado da gordura ali acumulada...

Olha, pode render alguma hora de conversa só com os meus “porquês” da mudança. Mas, na última semana, eu achei uma explicação sensacional, dentro da história de outra pessoa. Esta outra pessoa é o escritor Chris Guillebeau, do livro “O poder dos inquietos”. Na página 54, ele relata o que chama de “o grande desastre de 2008 no meu apartamento”.

Em resumo, ele e a mulher voltaram de férias e encontraram o apartamento todo inundado por causa de um problema no encanamento do vizinho. Diante do caos, tiveram que dormir em um colchão na sala durante quase um mês. Ele, que tem pavor de pensar em mudança, tentou ser compreensivo, até que faltou água no apartamento. Naquela luta para resolver mais esse problema, ele viu que não teria jeito. Era preciso mudar – neste caso, literalmente. E escreveu: “a dor de permanecer na situação se tornou maior que a dor de promover uma mudança”.

MEU DEUS DO CÉU, é isso!!!!

Enquanto as coisas são apenas um aborrecimento, nós vamos levando. Enquanto existir calça de número maior, eu vou servindo na roupa. Enquanto existir artimanhas para não marcar mais a barriga, eu vou usufruindo delas, sem perceber o quanto isso realmente está me incomodando. Vira uma autossabotagem dos próprios sentimentos. Até quando?

Até que doeu mais, até que eu não queria mais me esconder, até que eu vi que, para mim, voltar a ter o corpo de 2013 era, sim, importante. Eu vou fazer o quê se não me aceito de qualquer forma? Podem me julgar, mas é só assim que eu vou me sentir bem novamente...

A dor de arrumar desculpas para as coisas conseguiu ser maior. Parei de colocar a desculpa na falta de dinheiro para pagar uma nutricionista e para fazer uma atividade física, parei de culpar os hábitos da minha família ou do companheiro por eu nunca ter tido uma alimentação exemplar, parei de achar que os exames de sangue na faixa do “desejável” ou do “limítrofe” estão ok. Não, não estão!

Custa enxergar a verdade e ver que a culpa é só e tão somente tua? Custa, claro! Teremos que mudar. Tão chata quanto uma mudança de apartamento é a mudança interna. Mas ela é necessária e, veja bem, eu não tô falando só de emagrecimento, não vem achar que este texto não mexe na tua ferida...

Este texto mexe na minha própria ferida, inclusive. Hoje, pagamos um aluguel bem alto em Porto Alegre (RS) pra, toda semana, se irritar com as conversas altas, brigas, músicas e salto alto da vizinha e suas companhias. Sem falar do portão da garagem que virou meu despertador diário há alguns meses. E aí? O que vai ter de acontecer pra nós resolvermos mudar? Acho que tô esperando a inundação, só pode...

Vamos acordar pra vida enquanto ela ainda existe? Vamos trabalhar essa dificuldade de mudança de frente pro espelho? Vamos parar de achar formas de colocar os problemas debaixo do tapete? Pensa comigo: qual o pior cenário nesta situação? Pra mim, é a gente nunca notar que precisamos mudar e passar anos tendo uma vida mediana por causa da nossa própria inércia.

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