Professora - Santa Maria (RS)

Lembro que, no dia em que assisti ao primeiro vídeo do Pensando Bem, o Leandro falava sobre o estresse. E eu precisava ouvir exatamente algo que me tirasse de uma situação de estresse naquele instante. Ao falar na forma de reagir e que o estresse é uma decisão, o Leandro me ajudou a repensar meus momentos eletrizantes.

Às vezes, digo que vivo sob pressão: muito trabalho, duas realidades profissionais diferentes, a casa para cuidar, o marido, o filho e minha inseparável enxaqueca. Preciso sempre contar até 10. Mas sei que não paro (e até resmungo pouco), porque amo muito o que faço e as pessoas com quem convivo.

A ação proposta naquele vídeo procuro exercitar até hoje: que conselho eu daria para alguém que estivesse em minha situação? E essa reflexão tem me feito parar, respirar e me acalmar.

Sou professora em Língua Portuguesa, há 27 anos. Sempre entendi a educação como o ensino- aprendizagem e a humanização. Penso que é possível equilibrar as duas coisas, pois não há como educar desconsiderando a vida, as experiências, as problemáticas e os sonhos de nossos alunos. Então, intercalando conhecimentos próprios do nível em que trabalho, desenvolvemos projetos que tratam de temas necessários à humanização dos alunos.

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Resolvi aproveitar o trabalho do Leandro, no Pensando Bem, para dialogar em sala de aula. Anoto, em meu caderninho, a data em que o vídeo é lançado e o tema, salvando-o, e, de acordo com as necessidades, trabalho em minhas turmas. Após o debate e a reflexão, sempre peço que, como produção textual, seja registrado algo a partir do tema. Daqui a um ano, talvez, quero entregar ao Leandro algumas produções em forma de caderno.

Vou citar a seguir um exemplo de atividade desenvolvida com mulheres privadas de liberdade, em uma das escolas em que trabalho, no Presídio Regional de Santa Maria. Assistimos ao vídeo Trate os outros como gostaria de ser tratado, pois ouvimos, constantemente, queixas das apenadas de que as relações nas celas são terríveis, indignas e dramáticas.

Focamos na afirmativa do vídeo: a forma como você trata as pessoas diz muito de você e indagamos: será que nossas atitudes conversam? Depois de muito diálogo e exposição de problemas enfrentados no local, solicitei que cada uma elaborasse 10 dicas para melhor tratar os outros. A aluna C. K. R. escreveu:

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1. Olhar as pessoas com amor.

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2. Dedicar uns minutos de seu tempo a alguém.

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3. Ser gentil sem esperar nada em troca.

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4. Sorrir para alguém que esteja precisando.

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5. Não esperar demais das pessoas.

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6. Não julgar os outros, porque cada um tem a sua história.

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7. Ajudar quem precisa.

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8. Integrar-se na comunidade carcerária para ver no que pode ser útil.

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9. Ser educada sempre.

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10. Ser solidária, doando o que pode às colegas da cela.

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Lemos os textos em voz alta e combinei com cada uma que, ao menos, uma dessas dicas seria seguida. Parece fácil para nós que estamos em liberdade. Mas não é. Lá dentro, a convivência em grupos, o abandono por parte de muitas famílias, as diferentes personalidades tornam tudo muito complexo. Mas acredito no nosso papel enquanto educadores para amenizar tantas dores e ausências.

Creio que o trabalho do Leandro “veio em boa hora”. Carecemos de uma mensagem de esperança, de otimismo, de reflexão. Portanto, seguirei “usufruindo” com meus alunos de seus vídeos. E até ousando sugerir temas como a da leitura que já foi trabalhado, o que agradeço.

Parabenizo pela iniciativa e espero que o trabalho prossiga, especialmente pelo que propõe enquanto mudança e encontro consigo e com o outro, atitudes e relações tão necessárias no mundo atual.