3 livros que me encorajaram a pedir demissão
Será que vale a pena? Essa foi a pergunta que eu me fiz enquanto descia as escadas do prédio do jornal onde trabalhava. Era domingo, 12 de junho de 2016. Segundos antes, às 22h, eu havia batido o ponto por ordem do meu chefe, que cumpria a nova regra da empresa de evitar qualquer minuto de hora extra. Faltava eu finalizar duas páginas, mas ele foi categórico:
- Vai pra casa. Eu me viro aqui.
Argumentei, mas foi em vão. E naquela noite ainda ia ter jogo da Seleção Brasileira de futebol em horário atípico, ou seja, ele entraria madrugada adentro enquanto eu já estaria dormindo em casa. Era justo? Não sei. Mas ele não batia ponto. Era chefe. E o principal: o jornal do outro dia precisava sair com o resultado do jogo.
Percorri alguns metros até o estacionamento e lembrei que aquele domingo tinha sido lindo, com temperatura agradável e céu azul. Eu estava lá desde às 14h, mas meu chefe chegou às 13h. Em vez de passar o domingo com a família e os filhos, ele ficou lá na redação. E eu só conseguia repetir a pergunta: será que vale a pena?
Meu sonho era virar chefe na empresa. Mas ali eu percebi que não fazia sentido, para mim, ser promovido e não poder aproveitar um domingo de sol com minha família. Meu chefe estava errado? Claro que não. Só ele sabe o que é melhor pra ele. Mas, pra mim, definitivamente, ali tudo ficou claro: eu estava me dedicando para ter uma vida que eu não queria.
O ano de 2016 também foi significativo porque aumentei muito minhas leituras, a maioria delas sobre desenvolvimento pessoal. E aquela certeza de junho amadureceu junto comigo, até que, em fevereiro de 2017, troquei a redação por assessoria de imprensa. Na época, eu achava que ganhar mais e ter fim de semana de folga era suficiente.
Poucos meses depois, novamente em junho, vi que faltava o principal: sentido, propósito, coração batendo mais forte. E aí “ouvi” de peito aberto o que os livros me diziam. Em fevereiro de 2018, resolvi reivindicar a liberdade para fazer o que amo: aprender e compartilhar, desta vez como empreendedor.
Foram duas demissões em um ano, contra duas nos 12 anos anteriores de jornalismo. O que mudou? Eu mudei. Gostaria de ter tido um mentor para a minha carreira, mas nunca tive. Até que percebi que esse mentor não precisa ser alguém que eu conhecesse. Podia ser pessoas inspiradoras e bem-sucedidas que falariam comigo através dos livros.
E, nesta jornada que tem transformado minha vida para melhor, três livros foram mais do que companheiros de aprendizado. Considero-os decisivos para eu ter deixado para trás o sonho do jornalismo para redescobrir o meu propósito, criar o Pensando Bem e enfim perceber que aquela dúvida nascida em junho de 2016 era minha maior certeza em 30 anos.
Abaixo, eu conto quais são esses três livros e o que aprendi com cada um deles. 😊
1 – “Queime suas pontes”
O Erico me fez (e faz) acreditar que empreender transforma. Conheci ele em vídeos no YouTube. Ele trabalhava em um banco de Londres e, assim como eu, olhou para seu chefe certo dia e enxergou aonde estaria em 10 anos. Decidiu “jogar o chapéu do outro lado do muro” e ver o que acontecia. Hoje, é a maior referência em marketing digital no Brasil.
Só comprei o livro do Erico com as melhores sacadas de seu canal no YouTube em outubro de 2017. Devorei. A história do chefe é só uma das várias que encorajam a seguir o coração. Outra que é muito marcante e me ajudou a ter forças para encarar novos desafios é a “Queime suas pontes!”, em que ele cita a história de um general chinês durante uma guerra.
Esse general liderava o Exército e, em uma batalha, suas tropas tiveram que atravessar uma ponte. Ao perceber que alguns soldados estavam com medo de perder, o comandante simplesmente queimou a ponte. Assim, ninguém poderia recuar. E o principal: teriam que lutar com toda a sua alma e vontade, pois desistir não era mais uma opção.
Que pontes que estão limitando seu crescimento você precisa queimar? Como diz o Erico no livro: “Queimar pontes é uma escolha. Não queimá-las, também. Haverá um alto custo se você continuar fazendo aqui neste mundo o que não veio para fazer. E talvez esse custo seja muito maior do que o de queimar a ponte. E quem vai arcar com esse custo é você”.
2 – “Pior cenário possível”
Esse livro eu comprei em 29 de junho de 2017, bem na época em que germinava o Pensando Bem. Foi libertador! O título parece abusado demais (e é!), mas os conselhos de Tim são na medida para quem acredita que pode tornar seus sonhos realidade.
O trecho que mais me inspirou foi sobre medos. Após ter saído do jornal e ido para assessoria, eu flertava com o empreendedorismo. Mas o medo era: será que vai dar certo? A dúvida me corroía, pois eu, sempre acostumado a prever tudo na vida, precisaria me acostumar com a natural incerteza de que nada é permanente, exceto a mudança.
Neste livro, aprendi com o Tim a tática do “pior cenário possível”. Ela consiste, basicamente, em pensar nas piores consequências do que vai acontecer se você tomar uma decisão. No meu caso, era fácil responder: “ficarei sem emprego, sem dinheiro e terei que pedir abrigo e sustento na casa dos meus pais até encontrar uma saída”.
“Mas como isso pode me encorajar?”, pensei. E o Tim explicou no livro. Quando pensamos no pior possível, conseguimos perceber que o que imaginamos ser uma catástrofe, na verdade, não é tão ruim assim. Não vou passar fome. Não vou dormir na rua. Não vou morrer. Vou fracassar, no máximo. E se nada fizer? Jamais saberei. Mas o medo seguirá comigo.
Tim também sugere pensar que, se o ruim não é tão ruim assim, a possível recuperação em caso de fracasso também não é tão difícil. E, claro, tinha razão. Logo imaginei que poderia arrumar um emprego, fazer um frila, enfim, recomeçar. O medo, instantaneamente, diminuiu. O “tudo errado” não era um monstro de sete cabeças. Na real, não é. Monstro mesmo é não fazer nada e esperar um resultado diferente.
3 – Não poupe para “dias difíceis”
Esse foi a cereja do bolo. Comprei em 26 janeiro de 2018, li em poucos dias e tirei a última objeção para consumar minha transição de empregado a empreendedor: o dinheiro. Afinal, de nada adiantava largar tudo para perder noites e mais noites de sonho pensando em pagar as contas, né? Eu precisava de mais tranquilidade.
O livro inteiro é uma aula sobre finanças. Dele, guardei duas lições em especial. A primeira delas é uma história do próprio Eker quando, após quebrar pela terceira vez, voltou para a casa da família e foi aconselhado por um amigo rico de seu pai: “se as coisas não estão indo como você gostaria, isso quer dizer que apenas há algo que você não sabe”. Resumindo: não existe fracasso, é sempre sucesso ou aprendizado. Logo, por que não tentar?
A outra lição é sobre poupar para “dias difíceis”. Eker diz que se a gente economizar para os “dias difíceis”, quando usaremos o dinheiro? Exatamente: nos dias difíceis! E defende que a gente aposte em nossos sonhos, pelo menos uma vez na vida, pois isso é investir em “dias felizes”. Logo, eu senti que merecia me presentear com uma oportunidade.
Olhei minhas reservas bancárias e vi que daria para me manter um bom tempo sem receber salário, caso viesse o “pior cenário possível”. Havia segurança para manter o padrão de vida e trabalhar para o Pensando Bem dar certo. Logo, eu podia seguir o meu coração. Depois disso, pedir demissão foi natural. Eu sabia que era o melhor a fazer.
Conclusão
Pedir demissão não é uma decisão fácil. Cada um tem uma realidade diferente e sabe o que é melhor para si. Mas uma coisa é certa: quando há dúvida se onde você está é a melhor opção, é sinal de que você precisa, pelo menos, parar e avaliar com sinceridade os rumos que está dando para a sua vida. E se perguntar: será que vale a pena?
O que me ajudou a traçar o caminho foi pensar na vida que eu queria de fato. E ela incluía três pilares: liberdade para trabalhar a hora que quero, mobilidade para estar onde quero e entusiasmo para me dedicar àquilo que faz o coração bater mais forte. Hoje, o Pensando Bem ainda está se firmando, mas eu sei que este é o caminho. Agora é focar e seguir em frente!
Não trabalhar para construir a vida que não quer, encarar o medo do tamanho que ele é e criar a segurança financeira para dar os primeiros passos. Para mim, essa é a trilogia para quem cogita pedir demissão e tentar algo novo, independentemente se o objetivo é se tornar um empreendedor ou trabalhar como funcionário.
É uma receita infalível? Claro que não. É fácil? Não. Mas é possível. E se há uma chance, é preciso fazer a nossa parte: ter coragem, dar o melhor e acreditar que a gente merece a vida que sempre sonhou! Será que vale a pena? Tenho certeza que sim!