Persista

Quanto você insiste para alcançar seus sonhos?

A provocação veio com tom de brincadeira. Mas era merecida. Isaías olhou no fundo dos meus olhos e sentenciou: “como alguém deste tamanho não sabe andar de bicicleta?”. Eu tinha 11 anos e só pedalava com rodinha em um dos pneus. Ele tinha sete e não só acelerava como fazia manobras na pracinha em frente à casa dos meus pais.

Isaías era amigo do meu irmão e filho da Dileta, que cuidava de nós durante o dia. Depois que falou aquilo, ele entrou para jogar videogame com o Eduardo. Eu olhei e vi a bicicleta Monark vermelha, daquelas pequenas, escorada no portão. Não podia suportar minha incapacidade de equilíbrio. Resolvi pegar a bici.

Na praça, havia um retão de calçada que ia até o fim da quadra. Botei a rodinha e reconheci o terreno. Meia hora depois, comecei a erguê-la. E aí passei a tarde toda em idas e vindas, na maioria das vezes botando energicamente os pés no concreto para não cair. O pôr do sol já estava no horizonte quando os pés grudaram nos pedais. Fui e voltei. Sem rodinha.

Quanto você insiste para alcançar seus sonhos? Eu precisei de uma provocação marota para aprender a andar de bicicleta. Ela sempre esteve lá, mas eu nunca havia a encarado com o dever da vitória. Havia perdido antes de entrar em campo. Carregava na mente a sensação de que o impossível era maior do que o improvável.

Muitas vezes, a gente precisa de um empurrãozinho para não desistir. Mas, na maioria dos casos, o grande problema é derrotarmos nós mesmos na cabeça. O pessimismo ou o medo vencem a batalha da imaginação. Você sequer é capaz de se imaginar conseguindo. Se não se vê lá, como dará o comando para o corpo conquistar?

Nada nem ninguém tem o poder de dizer que você não consegue. Muito menos você mesmo. Se alguém faz, todos podem fazer. Tudo vai depender do quanto se esforça e quer chegar lá. O medo é uma ilusão. O impossível é, sim, questão de opinião. Não deixe de insistir se algo é importante.

Persista.