Decida

É você quem define o rumo da sua vida?

O engraxate não cabia em si. Entrou feliz, com crachá de visitante no peito, comemorando a permissão para entrar. Chegou oferecendo o serviço . Era R$ 5 para sair com o sapato mais lustroso. Fisgou um de meus colegas de trabalho, que logo engatou um papo com ele.

Enquanto falava sobre a oportunidade de conseguir mais clientes, perguntou quanto o cliente ganhava por mês. Bastou ouvir que era R$ 3 mil para emendar, após rápido cálculo mental, que a “bolada” rendia R$ 100 por dia. Teria de engraxar 20 sapatos a cada 24 horas para chegar lá. Mas não era isso que mais importava.

Em seguida, contou que também tinha de torcer para que não chovesse, pois o serviço reduzia com tempo ruim. E não podia ficar doente nem se machucar, pois parado não entrava um real sequer na carteira. Confessou que preferia a garantia do salário mínimo de uma firma à incerteza da graxa de sapato. Despediu-se e seguiu sua jornada.

A necessidade mexe com a pessoa. Se você não tem escolha, sempre vai seguir o caminho que lhe resta. Às vezes, isso pode ser ótimo. Diminuem as alternativas, aumenta-se o foco. Mas, no fim das contas, só ter um labirinto para seguir te torna refém. Afinal, você não tem como escapar se algo dê errado. E o pior: você não escolheu estar ali.

É você quem define o rumo da sua vida? É preciso assumir o controle. Errar é do jogo, mas omitir-se é pior. Ao escolher, geralmente avaliamos as opções, ponderamos os prós e contras e, então, descemos do muro. Se você deixa a rotina ou o acaso decidirem, assemelha-se a uma garrafa de plástico atirada ao mar: vaga sem direção. Chegará em algum lugar, sim, mas não necessariamente aonde deveria estar.

Não faça por necessidade. Escolha fazer. A diferença não é tão sutil quanto parece. Dependa o mínimo possível de fatores que não controla. Construa seu destino por si. Não tenha medo de definir um rumo. Encontre a convicção antes de apontar a bússola.

Decida.